Há algum tempo que a expressão «Violência doméstica» passou a fazer parte do quotidiano angolano. Em parte porque têm sido cada vez mais divulgados os casos de violência e também porque na maioria dos casos os agressores saem impunes. Apesar de que actualmente a violência passou a estar generalizada, não afectando só as mulheres mas também os homens, as mulheres continuam a ser as maiores vítimas da violência.
Em Angola, o sistema jurídico tem criado leis que ajudem a acabar com este crime mas das doze formas de violência doméstica apenas, as ofensas corporais com ferimentos, o homicídio, a difamação, a injúria estão tipificados como crime no código penal. As restantes, sobretudo os actos de violência doméstica mais dramáticos, fuga a paternidade, despejo familiar, ameaças, adultério, poligamia, ofensas morais e psíquicas não estão tipificadas como crime.
Em muitos casos de violência os agressores ficam impunes porque as vítimas depois de um certo tempo decidem retirar a queixa antes feita e em muitos casos nem sequer uma queixa oficial é feita, talvez por medo de uma nova agressão ou numa tentativa de não se envolver em escândalos. O que as pessoas envolvidas em casos de violência domestica não entendem é que ao não apresentar uma queixa ou retira-la, estão a beneficiar o infractor e incentivá-lo a continuar com esta prática que põe em risco a vida humana.
Em muitos casos de violência, quando envolve-se famílias com filhos, as crianças são as mais afectadas e esta situação pode comprometer seriamente as suas actividades futuras. Ou seja:
Ø O filho que cresce vendo seu pai a bater constantemente na mãe, vai mentalizar que quando a mulher erra deve ser espancada e fazer disso uma norma tornando-se num agressor transformado pela violência de seu pai).
Ø A menina que cresce vendo a mãe a apanhar sempre porrada do pai, vai deduzir que a mulher deve tolerar a porrada porque isso é normal, viu a sua mãe a tolerar estes actos de violência e passará a permitir que seu marido faça o mesmo.
Desta forma teremos uma sociedade violenta e que tolera a violência doméstica pois acredita que a mulher, quando não se comporta bem, deve ser espancada. Que lugar estaremos a dar ao diálogo no meio de tudo isso? Onde estaremos a colocar aquele amor que um dia afirmamos ter pela nossa parceira?
Apesar de que grande parte das crianças que crescem em lares em que a violência doméstica é pão de cada dia tornem-se violentas, ainda existem aquelas que perante a violência tiram uma lição de vida:
Ø Minha mãe sofreu muito com a violência de meu pai e por isso eu não posso permitir que a minha mulher passe por isso, apenas vou ama-la e sempre que tivermos um problema vou conversar com ela.
Ø Minha mãe sofreu por tolerar sempre as agressões de meu pai, eu não vou permitir que o mesmo aconteça comigo e por isso, o homem que levanta a mão contra mim não merece meu amor, será denunciado a policia.
A violência nunca foi solução para a resolução de problemas domésticos, na verdade ela só ajuda a desintegrar a família que é o núcleo da sociedade. Assim, com a família Angolana em crise, também o pais fica em crise, crise de valores, em que a sociedade torna-se cada vez mais violenta e deixa de ter amor.
Uma coisa que digo sempre as minhas irmãs e amigas é que: se o homem já mostrou ser agressivo no namoro, é porque vai ser agressivo no casamento e por isso o melhor é afastar-se dessa pessoa. Se no namoro, em que as pessoas tendem a mostrar os seus hábitos negativos ele não hesita em agredir, no casamento como será?
A violência doméstica não faz bem a ninguém e por isso ao mínimo indicio de violência o melhor mesmo é fugir ou aconselhar a pessoa a buscar acompanhamento médico para tratar do seu ser violento.
DIGA NÃO A QUALQUER TIPO DE VIOLÊNCIA E DESPERTA PARA UMA ANGOLA MELHOR
José Africano Vemba
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